Como habilitar sua aplicação legada ao futuro da AI com MCP
Descubra como o Model Context Protocol (MCP) permite integrar sistemas legados com inteligência artificial de forma segura e incremental, sem reescrever sua aplicação do zero.
Sapiens IT Team
Escrito por engenheiros que constroem antes de escrever.
Como habilitar sua aplicação legada ao futuro da AI com MCP
A maioria das empresas sonha em adotar inteligência artificial, mas ainda está presa a sistemas legados que mal expõem APIs.
Os benefícios são enormes — desde automação até decisões baseadas em dados — porém o custo de reescrever tudo é alto.
Ignorar a IA, por outro lado, pode ser o começo do fim para qualquer negócio que dependa de software.
A boa notícia é que existe um caminho do meio.
Com o Model Context Protocol (MCP), você pode habilitar seu legado para interagir com modelos de IA de forma segura e incremental, sem refazer sua aplicação do zero.
Por que sistemas legados e IA não se entendem?
Na maioria das equipes de TI, mexer em sistema legado é sinônimo de dor de cabeça.
Um sistema antigo normalmente significa duas coisas:
- O software atingiu maturidade e já é crítico demais para ser alterado.
- A tecnologia ou o domínio de negócio não estão mais bem documentados.
Com a chegada da IA, essa realidade se tornou um problema estratégico.
As empresas querem que seus modelos entendam o negócio, mas enfrentam obstáculos como:
- Ausência de APIs ou documentação atualizada
- Dados mal estruturados
- Regras de negócio distribuídas em código antigo
- Falta de contexto para a IA compreender intenções do usuário
O resultado é previsível: a IA não entende o seu legado, e o seu legado não sabe conversar com a IA.
O que é o MCP e por que ele importa
O Model Context Protocol (MCP), proposto pela Anthropic, é um padrão aberto de comunicação entre sistemas e modelos de IA.
Em termos simples: ele define um protocolo para que uma IA possa consultar, compreender e executar ações dentro de um software, de maneira padronizada e segura.
Se o HTTP foi o protocolo que permitiu sistemas se comunicarem via web, o MCP é o protocolo que permite que IAs se comuniquem com sistemas corporativos.
Com ele, você pode:
- Expôr dados e operações do seu sistema legado como “ferramentas” de IA.
- Permitir que modelos entendam o contexto da sua aplicação sem precisar reescrever nada.
- Modernizar gradualmente seu ecossistema, mantendo a base existente.
Em outras palavras: você transforma seu sistema legado em um sistema “IA-ready”.
Aplicando o MCP na prática
A implementação do MCP é simples e tem pouco impacto estrutural.
Linguagens como Java, JavaScript, .NET e Python já possuem bibliotecas compatíveis.
Você pode configurar o protocolo como um projeto sidecar ou fazer com que a própria aplicação atue como servidor MCP.
Nesse cenário, o cliente é a própria IA — que se conecta ao seu servidor para obter contexto.
Vamos ver um exemplo em Java utilizando Spring Boot e Spring AI MCP.
Passo 1 — Adicionando dependências
<properties>
<spring-ai.version>1.0.0-M6</spring-ai.version>
</properties>
<dependencyManagement>
<dependencies>
<dependency>
<groupId>org.springframework.ai</groupId>
<artifactId>spring-ai-bom</artifactId>
<version>${spring-ai.version}</version>
<type>pom</type>
<scope>import</scope>
</dependency>
</dependencies>
</dependencyManagement>
<dependency>
<groupId>org.springframework.ai</groupId>
<artifactId>spring-ai-mcp-server-spring-boot-starter</artifactId>
</dependency>
Passo 2 — Configurando o servidor MCP
spring.application.name=mcp
spring.ai.mcp.server.name=spring-mcp
spring.ai.mcp.server.version=1.0.0
Os valores de server.name e server.version servem para identificar seu servidor e controlar versões dos contextos disponíveis.
Passo 3 — Expondo ferramentas para a IA
No MCP, cada ferramenta é equivalente a um endpoint REST — uma funcionalidade que a IA pode consultar ou executar.
Exemplo: vamos expor uma ferramenta que retorna todos os usuários cadastrados em uma data específica.
package com.example.mcp;
import org.springframework.ai.tool.annotation.Tool;
import org.springframework.ai.tool.annotation.ToolParam;
import com.example.repository.UserRepository;
import com.example.dto.UserDTO;
import java.time.LocalDate;
import java.util.List;
public class DatabaseLLMProvider {
private final UserRepository repository;
public DatabaseLLMProvider(UserRepository repository) {
this.repository = repository;
}
@Tool(description = "Fetch all users registered at a specific date")
public List<UserDTO> getAllUsersRegisteredAtDate(
@ToolParam(description = "Date used in the search") LocalDate date
) {
return repository.findAllByDate(date)
.stream()
.map(UserDTO::new)
.toList();
}
}
As anotações @Tool e @ToolParam são o ponto-chave: elas informam à IA o propósito e os parâmetros da ferramenta.
Evite descrições vagas ou genéricas — o contexto precisa ser claro e direto para que o modelo saiba quando e como usar o recurso.
Passo 4 — Registrando o servidor MCP
Para que um cliente (como ChatGPT, Copilot ou Cursor) reconheça seu servidor MCP, é necessário um arquivo de configuração semelhante a este:
{
"mcpServers": {
"mymcp": {
"command": "",
"args": [
"--directory",
"/ABSOLUTE/PATH/TO/PARENT/FOLDER/myapp",
"run",
"artifact.jar"
]
}
}
}
Após o registro, a IA poderá se conectar e utilizar as ferramentas expostas pelo seu sistema legado como se fossem extensões nativas.
⚠️ Cuidados ao expor ferramentas MCP
O MCP é poderoso, mas deve ser usado com responsabilidade.
Algumas boas práticas essenciais:
- Não exponha banco de dados ou credenciais diretamente.
- Valide os parâmetros recebidos da IA.
- Monitore logs e chamadas.
- Evite ferramentas genéricas — prefira contextos específicos, com escopo limitado.
Isso evita riscos de prompt injection e mantém sua infraestrutura protegida.
Conclusão
Implementar IA em um sistema legado é possível — e o MCP é um excelente primeiro passo.
Ele aproxima sua equipe técnica do ecossistema de IA sem precisar reformular toda a base do sistema.
IA não é sobre substituir — é sobre ampliar. Se o seu sistema ainda não conversa com inteligência, é hora de mudar isso. Fale conosco e descubra como o MCP pode acelerar sua transformação.
Escrito pela equipe Sapiens IT — engenheiros que constroem antes de escrever.